UNO Setembro 2016

Cuba e República Dominicana, um eixo de desenvolvimento no Caribe

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Cuba e República Dominicana constituem as economias independentes mais importantes do Caribe. São, além disso, países hispânicos com estreitas relações. Dessa forma, apesar do embargo econômico que atingiu a ilha de Cuba, existe entre os dois países respeito e cooperação, assim como um limitado intercâmbio comercial.

A República Dominicana exporta produtos industriais, como preparações alimentares para humanos e animais, cervejas, fertilizantes, cosméticos, plásticos, moagem de trigo, produtos químicos para limpeza, confecções têxteis, entre outros. Enquanto isso, as exportações de Cuba concentram-se em matérias-primas derivadas do ferro.

Mesmo com as exportações limitadas por causa do embargo comercial imposto pelo governo dos Estados Unidos, cerca de US$ 52 milhões foram embarcados em 2015, destacando que durante esse ano cerca de 26 empresas exportaram produtos por mais de US$ 200 mil. Mais importante ainda é que, desse total, cerca de 20 empresas exportaram produtos industriais, com a República Dominicana registrando superávit comercial e a oportunidade de crescer rapidamente dentro do novo ambiente econômico e político.

Com a decisão dos Estados Unidos de modificar sua política em relação ao país vizinho, as possibilidades de cooperação econômica e a expansão do mercado exportador preveem oportunidades únicas para os dois países

011_1A partir da decisão dos Estados Unidos de modificar sua política em relação ao país vizinho, com as possibilidades imediatas de cooperação econômica e de expansão do mercado exportador, e a intenção de buscar oportunidades de investimento, juros e normalização das relações comerciais, são previstas oportunidades únicas para os dois países.

Nós, na Associação das Indústrias da República Dominicana (AIRD), temos visto com grande interesse a intensificação dos viajantes que, rapidamente, começaram a chegar a Havana com a abertura dos voos comerciais e a suspensão das restrições que pesavam sobre Cuba, desde os anos 60, e as necessidades que atender a esses visitantes, de acordo com o costume, demandavam. Por prazer e curiosidade.

Na AIRD consideramos – e isso temos externado a nossos associados – que Cuba representa para o mercado industrial dominicano um horizonte de oportunidade única e imediata nas linhas de construção, alimentação, roupas e produtos farmacêuticos, em uma primeira fase.

Em uma segunda fase, as condições para investir em Cuba terão melhorado com a nova Lei de Investimento Estrangeiro (Lei nº 118), com a ampliação das formas não estatais de gestão na produção e nos serviços, com o desenvolvimento de um mercado majoritariamente interno, que busque atender às necessidades do setor não estatal da economia, e a criação de cooperativas não agrícolas e pequenos negócios dos elementos desse contexto.

Ao analisar os dados, se evidencia que, comercialmente, Cuba representa apenas 0,6% de nossas exportações e é o décimo-oitavo destino de negócios, apesar de sua proximidade. Cuba, depois dos Estados Unidos e do Haiti, pode se tornar nossa terceira maior fronteira comercial. Nós, na AIRD, acreditamos que devemos criar uma política que contribua para fazer do Caribe um centro econômico poderoso no continente, quando Cuba recuperar a importância econômica que merece.

Um eixo de desenvolvimento no Caribe

Cuba e República Dominicana foram convidadas a liderar um eixo de desenvolvimento econômico e social no Caribe. A consequência é que centros de ensino dos dois países já chegaram a acordos de cooperação empresarial, com a finalidade de proporcionar aos cubanos as ferramentas modernas necessárias.

Do mesmo modo, pela proximidade geográfica e pelas diferenças culturais inerentes, ambas as ilhas podem beneficiar-se de um turismo de origem global que aprecie a beleza do Caribe a partir desses dois destinos combinados. Os primeiros a se beneficiar com essa política serão os cidadãos americanos, muitos de origem cubana, que atualmente podem ver eliminadas as barreiras que não lhes permitiam viajar a essa nação.

Uma relação estreita entre as duas nações pode permitir aos produtos cubanos o acesso a novos mercados

O aumento no número de visitantes a Cuba exige cada vez mais produtos agrícolas frescos para satisfazer as necessidades dos visitantes e por conta da expansão na demanda de sua própria população, com maior poder aquisitivo, o que representa uma oportunidade para as exportações dominicanas.

Do ponto de vista do comércio de bens transacionáveis, deve-se notar que a República Dominicana esteve aberta ao livre comércio, incluindo mais de 40 países, enquanto Cuba se concentrou em países europeus como Espanha, Holanda e Reino Unido, além de outros destinos como Canadá, China e Venezuela. De fato, a República Dominicana é uma das economias mais abertas do mundo. Uma relação estreita entre as duas nações pode permitir aos produtos cubanos o acesso a novos mercados, incluindo o fortalecimento da presença dominicana na América Central e nas ilhas do Caribe de maneira imediata, enquanto Cuba normaliza suas relações comerciais com o mundo.

Cuba e República Dominicana também podem ser oferecidas para o Investimento Estrangeiro Direto (IDE) como destinos que fortaleceram a segurança jurídica para os capitais estrangeiros. A construção do Parque Mariel e do terminal portuário de mesmo nome representam uma oportunidade para Cuba estabelecer zonas francas industriais, em que a República Dominicana foi pioneira na região, com experiência e tecnologia aproveitável para ambas as nações e suas populações.

O setor industrial dominicano, liderado pela Associação das Indústrias da República Dominicana (AIRD), assumiu postura proativa para garantir que as oportunidades sejam concretizadas, em benefício tanto da economia cubana quanto da dominicana. Recentemente, visitamos Havana com um significativo grupo de industriais, e imediatamente Cuba enviou uma grande delegação, e nesse processo se realizaram importantes negócios. É assim que vemos, na AIRD, Cuba e República Dominicana, em conjunto, como a chave para um poderoso eixo econômico e social do Caribe, benéfico para ambas as nações e para a região. Vamos continuar a fazer esforços para concretizar cada dia mais janelas de oportunidade.

Campos De Moya
Vice-presidente de Comunicação e Relações Institucionais da INICIA e presidente da Associação de Indústrias da República Dominicana / República Dominicana
Além de vice-presidente de Comunicações e Relações Institucionais da Inicia, empresa privada de administração de ativos, é presidente da Associação das Indústrias da República Dominicana (AIRD), o maior e mais importante grupo industrial na República Dominicana e cônsul-geral honorário da Índia para a República Dominicana. No passado, ocupou diferentes cargos, como o de assistente especial do vice-presidente da República, embaixador adjunto do Ministério das Relações Exteriores e membro de conselhos bancários e empresariais, associações e ONGs.

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