UNO Novembro 2015

União Europeia-América Latina, desafio para PMEs

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Se tivesse que destacar um efeito benéfico da crise sofrida pelas economias mais desenvolvidas nos últimos oito anos economias, seria o impulso dado à internacionalização das empresas, que buscaram nos mercados estrangeiros uma saída para compensar a queda da demanda doméstica.

Este processo tem contribuído para a intensificação das relações econômicas da União Europeia, muito especialmente da Espanha com a América Latina, não apenas do ponto de vista comercial, mas também em relação a investimentos e transferência de tecnologia e conhecimento.

Nos últimos anos, as grandes empresas espanholas têm aumentado sua atividades de investimento na América Latina, o que teve como consequência uma abertura cada vez mais importante de PMEs e o aumento das exportações de bens.

A América Latina é, além de tudo, um dos principais destinos dos novos emigrantes espanhóis, altamente qualificados, que suportam a transferência de tecnologia e conhecimento, fator decisivo para gerar emprego e tecido produtivo e para o desenvolvimento e a inclusão social.

A América Latina é muito diversificada, mas há um denominador comum em todos os países que, em grande parte, é aquilo que compartilham, social e culturalmente, com os países do outro lado do Atlântico

Agora, além disso, pode-se falar de um caminho de volta em todo este processo econômico e social, e as empresas e os profissionais da América Latina têm na União Europeia um dos principais objetivos para o seu desenvolvimento, e a Espanha, a melhor porta de entrada.

A América Latina é muito diversificada, mas há um denominador comum em todos os países e que, em grande parte, é aquilo que compartilham, social e culturalmente, com os países do outro lado do Atlântico. Esquemas e valores culturais e sociais que os empresários e profissionais “transoceânicos” percebem em ambos os lados e que são a base mais firme para a construção de relações econômicas.

Obviamente, em alguns países existem maiores riscos políticos, menor proteção legal dos direitos de propriedade e do quadro de investimentos ou infraestruturas menos desenvolvidas, mas nada disso é insuperável. Enquanto isso, a sintonia dos “códigos compartilhados” perdura e deve crescer.

16Desde que as relações econômicas e empresariais entre a União Europeia e a América Latina produzam mais progresso e prosperidade em ambos os lados do Atlântico, este é o desafio que os governos e sociedade civil enfrentam.

Trata-se de colocar valor nas relações entre as duas regiões econômicas, de aumentar o diálogo e de trabalhar para remover os obstáculos e, para isso, será imprescindível incorporar as pequenas e médias empresas e microempresas, que são um componente essencial do tecido produtivo e motor de desenvolvimento na América Latina e na União Europeia.

No entanto, as PMEs que operam no comércio entre as duas regiões são minoritárias porque enfrentam barreiras estruturais significativas quando se envolvem em transações internacionais, e isso, apesar do tamanho dos mercados, da sua capacidade de inovar e sua flexibilidade, poderia proporcionar vantagens relevantes.

Para superar estas barreiras e oferecer mais oportunidades transatlânticas de comércio e de investimento para as PMEs é necessário, em primeiro lugar, um marco institucional de assessoramento e acompanhamento que precisam para abordar os processos que não são nada fáceis.

Além disso, é essencial dispor de instrumentos financeiros adequados, como linhas de crédito, capital de giro e empréstimos de investimento, com entidades bancárias e parceiros comerciais que estejam dispostos a financiar as empresas ao longo de todo o ciclo econômico.

A primeira opção das PMEs para abrirem-se a mercados internacionais é participar das cadeias de valor de grandes empresas, que funcionem para elas como “tratores” e ofereçam financiamento para ajudá-las a melhorar, bem como  formação e transferência de conhecimento. Estas grandes empresas, por sua vez, podem beneficiar-se do desenvolvimento das PMEs locais, que oferecem produtos e serviços na medida e conhecimento do terreno.

As pequenas e médias empresas e microempresas são um componente essencial do tecido produtivo e motor de desenvolvimento na América Latina e na União Europeia

Mas também é necessário apoiar os sistemas de cooperação empresarial, em todas as suas fases, desde a busca por sócios, à formalização de alianças e seu monitoramento. As possibilidades são muito diversas, desde o nível superior, que seria a fusão de empresas, até centrais de compras,  uso de complementariedades e colaboração em projetos comerciais, de inovação e de distribuição.

Hoje dispomos de ferramentas digitais inimagináveis ​​há vinte anos, que eliminam o fator distância a baixo custo, e em alguns casos podem ter melhor aplicação que este desafio de estreitar relações econômicas e comerciais entre os dois continentes.

As plataformas digitais devem ser uma ferramenta essencial para ampliar os fluxos financeiros e comerciais, reduzindo os custos e incertezas associadas à expansão internacional.

E devem servir para facilitar acordos, explorar mercados, compartilhar conhecimentos e formação, a melhorar a competitividade e, em última instância, para estender e aumentar o valor das PMEs, nas quais residem boa parte das possibilidades de desenvolvimento das sociedades.

Antonio Garamendi
Presidente da CEOE
Bacharel em Direito pela Universidade de Deusto. Foi parte do Conselho da Babcock & Wilcox española S.A; Albura S.A; Red Eléctrica de España S.A; Tubos Reunidos S.A e vice-presidente da Entel Ibai S.A. Atualmente, sua atividade empresarial está centrada nos setores do metal, construção, seguros e hotelaria; é conselheiro independente e vice-presidente da Aenor Internacional. Hoje em dia, também preside a Fundação AYUDARE e é membro da Fundação de Ajuda contra a Adição às Drogas (FAD); do Conselho Assessor da Cátedra Internacional da Mulher, Empresa e Esporte da Universidade UCAM; e pertenceu ao Patronato do Museu Guggenheim.

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