UNO Abril 2014

Apoiando a abertura comercial, a segurança jurídica e a vocação asiática

rajoy_2Como presidente do Governo, é uma grande satisfação escrever na revista da primeira consultoria espanhola e latino-americana, que pertence ao Fórum de Marcas Renomadas Espanholas (FMRE). Parece-me muito oportuno que nossas empresas destaquem como faz o Governo, o potencial que tem a Aliança do Pacífico.

Para a Espanha, os quatro Estados-membros fundadores da Aliança, tomados em conjunto, representam o nono destino de nossas exportações mundiais, e 40% de nossas exportações à América Latina.

Comercialmente, a Aliança do Pacífico e a Espanha nos complementamos, pois se lhes fornecemos bens de capital, semi-manufaturas, veículos e bens de consumo, eles nos proporcionam petróleo e gás, assim como matérias-primas agrícolas e minerais. Além disso, a Espanha pode fazer uma interessante triangulação com a Aliança do Pacífico e Ásia, em benefício mútuo. Cabe lembrar que na primeira década deste século XXI, o comércio da China com a América Latina e o Caribe cresceu duas vezes mais rápido que com qualquer outra região do mundo. Trata-se de um bom exemplo da centralidade da América Latina.

A Espanha pode fazer uma interessante triangulação com a Aliança do Pacífico e Ásia, em benefício mútuo

O investimento espanhol na América Latina e no Caribe já chega a 126 bilhões de euros, 9% a mais que no ano anterior. O importante não é só o número, mas também a tendência: a crise não diminuiu nossos fluxos de investimento na América Latina. Os países da Aliança do Pacífico representam a terceira parte: 44 bilhões de euros. A Espanha é o primeiro investidor no Chile e no Peru, o segundo no México e o terceiro na Colômbia. Trata-se, além de um investimento muito diversificado, que contribui, portanto para o tecido industrial desses países, para seu crescimento, para a criação de emprego e para a coesão social.

Somos aliados históricos e de futuro, não apenas na América Latina, mas também, e cada vez mais, na cena global. Trata-se de países que acreditam nas mesmas políticas que a Espanha e as praticam. Compartilhamos os mesmos valores e interesses, não apenas o idioma comum. Estamos diante da Aliança latino-americana da segurança jurídica, da abertura comercial e da vocação asiática, uma combinação vencedora.

A Espanha deve apoiar claramente todos os países que acreditam nas regras de jogo claras e previsíveis, fruto de instituições políticas fortes e independentes. Delas depende o bem-estar popular.

Nossa aposta na Aliança do Pacífico não diminui nem um pouco a do Brasil dentro do Mercosul, que vem de anos atrás

No século XXI, as instituições são igualmente importantes ou mais que a mudança tecnológica para o desenvolvimento econômico e social. Com instituições críveis e confiáveis, o crescimento econômico se reforça e torna-se mais equitativo, porque atrai mais investimento, gera mais renda e, portanto pode ser mais redistribuído, alcançando assim uma maior coesão social.

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A Aliança do Pacífico é, na verdade, o processo de integração mais parecido com o da União Europeia que já se viu na América Latina. Não se conforma com a livre circulação de mercadorias, mas aposta na conformação de um verdadeiro mercado interno, com livre-comércio de bens e de serviços, de capitais e de pessoas. Por exemplo, a livre circulação de pessoas se iniciou com a facilitação do trânsito migratório, eliminando o requisito do visto entre eles e permitindo, portanto, que os cidadãos percebam diretamente as vantagens da integração.

Nesse mesmo sentido, em agosto, assim que entrou em vigor o Acordo Comercial Multipartes entre a União Europeia, chamei os presidentes Santos e Humala, Colômbia e Peru, para anunciar-lhes minha iniciativa de pedir à União Europeia que seja retirada a exigência de visto Schengen a seus nacionais. Os Estados-membros da Aliança do Pacífico devem receber o mesmo tratamento da UE, sem discriminação. Não se pode frear com vistos o que o livre-comércio fomenta. Os colombianos e os peruanos devem perceber que obtêm benefícios e reconhecimento por sua abertura comercial, a segurança jurídica, os esforços, a perseverança e os progressos desses últimos anos.

Quero ressaltar que o mesmo sucesso que desejamos à Aliança do Pacífico desejamos ao Mercosul. A Espanha vem impulsionando um acordo entre a União Europeia e o Mercosul há muitos anos. Continuaremos nesse empenho. É preciso dar saídas e incorporar todos os países que quiserem suas indústrias e seus consumidores, nas cadeias globais de valor. Dentro do Mercosul, o Brasil merece referência especial, outro eixo fundamental da política externa da Espanha na América Latina. Nossa aposta na Aliança do Pacífico não diminui nem um pouco a do Brasil dentro do Mercosul, que vem de anos atrás. O Brasil é o maior destino do investimento da Espanha no mundo, com mais de 66 bilhões de euros de investimento acumulado.

Para o meu governo, a América Latina não é uma mera questão retórica, mas uma renovada aposta estratégica para nos posicionar com realismo no século XXI. Quero que essa convicção se manifeste com fatos concretos e que nossos cidadãos, tanto os da Aliança do Pacífico como os espanhóis, sintam que têm maior liberdade de movimentos e empreendimento, e as empresas, de mais oportunidades de gerar prosperidade para todos.

Mariano Rajoy
líder do Partido Popular e Presidente do Governo da Espanha
Político espanhol, líder do Partido Popular e Presidente do Governo da Espanha desde dezembro de 2011. Antes de sua nomeação como Presidente do Governo, foi líder da oposição parlamentar durante os dois mandatos (2004-2008 e 2008-2011) do governo socialista. Antes, atuou como ministro nos governos de José María Aznar em diversas pastas entre 1996 e 2003, e como vice-presidente do Executivo de 2000 a 2003.

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