UNO Novembro 2015

Relações econômicas do México com a União Europeia

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Nos últimos 35 anos, a economia mundial registrou mudanças impressionantes. Parte muito importante deste fenômeno se deve ao fato de que o comércio internacional ter crescido a taxas superiores às de produção, o que nos mostra que as economias estão registrando um processo de integração no esquema de fabricação em resposta às mudanças tecnológicas, à estrutura dos negócios e a um ambiente mais liberal para a realização do comércio.

A América Latina tem sido um participante muito ativo neste processo, não apenas pelas mudanças realizadas no aspecto político em muitos países, mas pelo fato de que as economias dos países da região se transformaram drasticamente.

Assim, a mudança registrada na América Latina tem sido caracterizada por uma enorme abertura causada por um processo de globalização mundial no qual a concorrência entre as diferentes regiões do mundo para exportar mais e por atrair mais investimentos estrangeiros, tem sido um dos fatores mais importantes.

Na América Latina e no Caribe as barreiras tarifárias foram reduzidas, o investimento estrangeiro continuou um forte processo de promoção, as empresas paraestatais foram  sendo gradualmente privatizadas, a inflação sofreu uma queda drástica, os sistemas financeiros foram completamente reestruturados e a liberalização das forças do mercado foram amplamente promovidas.

A mudança registrada na América Latina tem sido caracterizada por uma enorme abertura causada por um processo de globalização mundial

O México tem participado muito fortemente deste processo, promovendo reformas que poucos países empreenderam e isso tem lhe permitido estar entre as 15 maiores economias do mundo; é também o 15o maior país exportador, elemento que afetou enormemente a força da produção nacional e a geração de empregos formais, devendo fazer menção ao fato de que os trabalhadores envolvidos nesta atividade, geralmente ganham rendimentos mais elevados do que de outros setores.

No período de 1994 a 2013 (últimos dados disponíveis), os fluxos de investimento estrangeiro mundial direto aumentaram mais de 450%, sendo os países desenvolvidos os principais beneficiários desta corrente, pois representaram 60% do total, enquanto os países em desenvolvimento capturaram 36% e os países em transição, os 4% restantes.

12Durante este período, o México, como país importador líquido de capitais, que complementaram a poupança doméstica, recebeu mais de US$ 400 bilhões, o equivalente a 1,97% do total de fluxos mundiais, tornando-se o 14o destino preferido da IED global.

Uma parte importante da inclusão do México no processo de globalização tem sido incentivada pela série de Tratados de Livre Comércio firmados e que atualmente lhe dão acesso preferencial a 46 países, sendo o mais importante deles o NAFTA, com o Canadá e os EUA, e o TLC com os 28 membros da União Europeia.

Por esta circunstância, em 2014, a União Europeia constituiu-se no segundo maior bloco mais importante, para o qual dirigimos 5,14% de nossas vendas, recebemos 11,03% das importações e que nos forneceu 46% dos investimentos que entraram no país, presentes em 16.431 empresas mexicanas, sendo Holanda, a Espanha e a Bélgica, os principais investidores.

É importante mencionar que após a crise de 2008, a estrutura dos negócios registrou uma mudança ainda maior, o que alterou as características de alguns países. No caso do México, que sempre foi um importador líquido de capitais, entre 1994 e 2013, este desenvolveu a exportação de capital no mesmo período em que superou a cifra dos US$ 131 bilhões, dos quais US$ 35 bilhões foram destinados à Europa, aproveitando a série de oportunidades apresentadas pela conjuntura econômica e a complementação que pode existir entre empresas euro-mexicanas – com especial ênfase na Espanha, que se beneficiou de investimentos de US$ 17,46 bilhões, com a participação de empresas mexicanas como o Grupo Cemex, Cinépolis, Televisa, Grupo Carso, Grupo Silanes e Grupo Softec, entre outros.

Após a crise de 2008, a estrutura dos negócios registrou uma mudança ainda maior, o que alterou as características de alguns países

Os casos mais recentes representam uma operação muito importante e significativa, tanto por seu montante como pelo setor em que estão localizados: a aquisição da empresa de transportes urbanos e de longa distância incorporada pelo Grupo Avanza por parte da firma mexicana ADO; a aquisição de Campofrío por parte do Grupo Sigma; Gruma adquirindo a comercializadora de milho e trigo Mexifoods; a aquisição do complexo mineiro de Aznalcóllar; a compra da petroquímica Vestoil e Wavin por parte da MEXICHEM; no entanto, esta expansão mexicana não acontece apenas na Espanha, pois temos o caso da Telekom, Áustria; da Cemex, na França; da Metalsa, adquirindo a ISE Automotive GMBH, na Alemanha; e Grupo KUO, comprando a Hoerbiger Drivetrain Mechatronics, na Bélgica.

Esta é apenas uma amostra do muito que pode ser feito para reforçar as relações entre os dois blocos, especialmente a reconstrução e reestruturação da economia mundial, o que já mostra símbolos muito positivos e abre grandes oportunidades para a realização de negócios, mas sobretudo, para o investimento de empresários mexicanos que podem aproveitar a conjuntura para posicionarem-se nesse mercado, e para os europeus, a fim de capitalizar as novas oportunidades que estão ocorrendo no México, com a mudança estrutural promovida pela atual administração.

Valentín Díez
Presidente do Conselho Empresarial Mexicano de Comércio Exterior, Investimento e Tecnologia, A.C. (COMCE) e presidente do Comitê Bilateral México-Espanha da mesma organização / México
Estudou Administração de Empresas na Universidade Iberoamericana e fez cursos de pós-graduação em Marketing, Vendas e Gestão de Pessoal pela Universidade de Michigan em Ann Arbor. É presidente do Conselho Empresarial Mexicano de Comércio Exterior, Investimentos e Tecnologia, AC (COMCE),  presidente do Instituto Mexicano para a Competitividade, AC (IMCO) e membro do Conselho Mexicano de Negócios. Além disso, é membro do Conselho Mundial da AB InBev, o maior grupo cervejeiro do mundo, que o reconheceu como o artífice do sucesso no mercado internacional. É também vice-presidente dos Conselhos de Administração da Kimberly Clark, do México e do Grupo Aeroméxico. [México]

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