Papel do Foro Iberoamérica nas relações intercontinentais
O Foro Iberoamérica, criado no ano 2000, foi resultado do interesse de um grupo de líderes formadores de opinião, empresários, políticos, representantes dos principais grupos de comunicação, e intelectuais decididos a promover a reflexão e o debate sobre os mais importantes desafios que são comuns à América Latina, Portugal e Espanha, a chamada Ibero-América. Sua preocupação central é a preservação da cultura ibero-americana num mundo globalizado.
A Ibero-América é uma região geográfica que compreende os três países da Península Ibérica (Portugal, Espanha e Andorra) e os da América Latina hispanófona e lusófona por afinidade histórica, cultural e linguística.
O termo Ibero-América, formado a partir das palavras Ibéria e América, é utilizado para designar o grupo de países formado por Espanha, Portugal e as nações americanas independentes que foram antigas colônias destes países.
A complementaridade a partir das próprias diferenças talvez seja a grande promessa para o fortalecimento da ideia de um bloco ibero-americano neste século
As nações ibero-americanas integram a Comunidade Ibero-Americana de Nações, que anualmente realiza uma conferência em que comparecem os chefes de estado e de governo dos países ibero-americanos.
O Presidente Enrique Peña Nieto, na última dessas reuniões em Vera Cruz em dezembro de 2014, explicitou com muita clareza a importância desse conjunto de raízes.
“A Ibero-América é o resultado da nossa história partilhada e reflete nossas raízes, nossos valores e nossa cultura. Os vínculos profundos que nos unem tornam a Ibero-América um espaço privilegiado para o diálogo e para a cooperação”.
Sem dúvida, a região Ibero-Americana tem um modelo de cooperação inovador que se ergueu como exemplo para o mundo. Este modelo, juntamente com os 32 programas, iniciativas e projetos que se desenvolvem nas áreas da cultura, coesão social e do conhecimento, são considerados como experiências pioneiras e referências valiosas por numerosos países e organismos internacionais”.
Desafios da América Latina
O que se convencionou abrigar sob o conceito de América Latina[1] ao longo dos tempos mais recentes vem demonstrando que não só por suas origens, como também pelas características de cada um de seus países, temos sensíveis diferenças de comportamento – mesmo na gestão de nossas economias ou no processo político-institucional. Ainda assim, apesar da diferença de nosso idioma, estamos unidos por valores que compartilhamos e que nos mantêm unidos.
O mesmo se aplica quando falamos da Europa ou Comunidade Europeia, com mais de 25 países, com diferentes línguas e estágios de desenvolvimento econômico. Ainda assim, fala-se costumeiramente em forma generalizada da Europa como se fala de América Latina, como se tivessem comportamentos assemelhados.
Também na comunidade Ibérica são sensíveis as diferenças entre Portugal e Espanha sob os mais diferentes aspectos.
Apesar das diferenças que existem entre nossos países, inclusive dentro da própria América Latina e nossa relação diferenciada com os países ibéricos, ainda assim não tem faltado motivação agregadora entre nossos países.
Podemos observar grande aproximação de natureza cultural, política e econômica. Nos últimos anos, a participação de empresas espanholas, adquirindo ou participando em empresas brasileiras, tem sido marcante, bem como, em menor escala, de corporações lusitanas. Neste contexto, o Brasil vem concentrando suas atenções e investimentos num momento mundial de profundas transformações.
Duas línguas principais (português e espanhol), aliadas a uma multiplicidade de tradições culturais, expressões e pensamentos distintos – e, ao mesmo tempo, complementares – caracterizam um conceito em permanente construção.
A complementaridade a partir das próprias diferenças talvez seja a grande promessa para o fortalecimento da ideia de um bloco ibero-americano neste século. Bloco de proporções gigantescas: 400 milhões de pessoas em extensos 18 milhões de km². Muitos aspectos em nossos países, e também sobre o que os separa, tem sido o ponto de partida para qualquer análise.
Desafios comuns, histórias de evolução compartilhadas e perspectivas de desenvolvimento acelerado marcam este momento social ibero-americano
Desafios comuns, histórias de evolução compartilhadas e perspectivas de desenvolvimento acelerado marcam este momento social ibero-americano. A crise financeira que assolou fortemente os representantes europeus do bloco nos obriga a visualizar a Ibero-América buscando apoio entre seus pares em busca de soluções compartilhadas.
Continuamos trabalhando em uma perspectiva de amadurecimento das ideias por parte dos próprios ibero-americanos e, gradativamente, aprofundando os laços não apenas históricos, mas também sociais, econômicos e políticos entre todos os seus integrantes no mundo, que é cada vez mais complexo e globalizado.
Várias iniciativas vêm sendo tomadas para intensificar as relações multilaterais entre América Latina e países ibéricos, seja através de associações de fins políticos, culturais ou econômicos. O Foro Iberoamerica se insere nesse contexto ao realizar reuniões anuais com temática variada e sempre buscando colocar em discussão temas relevantes para os diferentes países. A próxima reunião será em outubro, em Barcelona, e os temas centrais estão ligados ao ‘Papel da TI (Tecnologia da Informação)’ e ‘A comunicação no séc. XXI’ e terá seu início exatamente no ‘Día de la Hispanidad’.