Recursos naturais: desenvolvimento econômico e riscos sociais e regulamentares
O negócio dos recursos naturais no mundo e sobretudo na América Latina virou o foco de interesse de investidores internacionais. Mas essa atração de investidores, se não se gerencia de forma inteligente, pode transformar-se numa atração fatal, uma vez que pode dar lugar a um estado crescente e, à vezes dificilmente controlável, de conflitos locais que podem pôr em perigo tais projetos.
Empresas mineiras e petroleiras estatais chinesas, canadenses, americanas e inglesas transformaram os países extratores da América Latina em seus principais sócios estratégicos dentro da região. De fato, a América Latina transformou-se na região mais importante do mundo quanto a investimentos em mineração. Para 2020, as cifras de investimento estimadas superam em muito o investimento atual, que já é muito notório.
Embora estes investimentos sejam uma fonte potencial de geração de riqueza para os países receptores, estão surgindo grupos opositores, como a população autóctone, alguns grupos indígenas, associações de defesa do meio ambiente, empresas locais ou organizações não governamentais fortes que se preocupam com o impacto imediato e estratégico que estas empresas podem provocar nas zonas de extração nos quesitos meio ambiente, cultura, sanidade e sociedade.
A América Latina transformou-se na região mais importante do mundo para atrair investimentos em mineração.
Nos últimos anos, os conflitos sociais gerados em torno dos grandes projetos extrativos da região vêm disseminando o vírus da desconfiança entre as populações locais em particular, e entre os cidadãos em geral, até o ponto de passarem da natureza inicial de seus protestos e estarem cobrando uma força destacada como autênticos jogadores legitimados para intervir no processo político nacional.
Neste cenário, o principal desafio das empresas que investem em recursos naturais na América Latina é fomentar sua relação econômica e estratégica de forma harmoniosa, sem ignorar a necessidade de fazê-lo com uma política de desenvolvimento sustentável, com transparência e com compromissos sociais para a região. Em definitiva, devem construir modelos de negócio de valor compartilhado com todos os participantes e interessados locais.
Nesta UNO16 analisamos o contexto em que se encontra a exploração dos recursos naturais na América Latina, os riscos e conflitos sociais que podem ser gerados ao redor deles e como cabe aos governantes encontrar a solução para tais conflitos potenciais.