UNO Agosto 2013

Madrid, uma cidade que me apaixona

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A ponto de escrever sobre a candidatura de Madrid para sediar os Jogos Olímpicos de 2020, a primeira coisa que devo dizer é que a cidade tem o meu voto sem dúvida. Sou um apaixonado pelo país do qual “roubei” a mulher da minha vida, Esther Nuñez, também nadadora como eu. E tenho uma longa história vivida na Espanha. De fato, escrevo estas linhas durante uma pausa no meu treinamento em Sierra Nevada, este magnífico Centro esportivo localizado no sul da Espanha.

A primeira vez que aterrissei em Madrid, aos 20 anos, fiquei impressionado com uma cidade que me acolheu com tanto carinho e generosidade que me fez sentir que eu não estava fora de Buenos Aires. Na verdade, viajei com uma ideia que acreditava ser uma realidade. E assim foi: descobri uma cidade incrível, que vivia uma época de prosperidade absoluta e seus habitantes a disfrutavam e convidavam seus visitantes a apreciá-la.

Tenho a esperança de que depois da América do Sul, a sede retorne ao continente e Madrid tenha de novo as maiores possibilidades porque conta um projeto muito bom

unaciudadquemeenamorofullConheço a história das candidaturas anteriores e a decepção que viveu Madrid cada vez que outra cidade foi a escolhida muito além de qualquer consideração política, compreensível, apesar de que todas as pessoas que, como eu, amam Espanha, custe aceitar. Sem dúvida, o Comitê Olímpico Internacional (COI) assume com seriedade absoluta a eleição da cidade que acolhe a cada quatro anos o evento mais importante do esporte mundial, mas isso não significa que não tenha sentido a mesma frustração que milhões de espanhóis quando Madrid não foi selecionada para os Jogos de 2016. É compreensível que Europa não possa ter sido eleita duas vezes consecutivas e por isso tenho a esperança de que depois da América do Sul, a sede retorne ao continente e Madrid tenha de novo as maiores possibilidades porque conta um projeto muito bom e já se preparou para as candidaturas anteriores e melhorou para a próxima.

Ainda que a situação econômica atual do continente seja muito diferente da época em que foi definido que o Rio de Janeiro recebesse os próximos Jogos, o esporte sempre dá revanche. E ao mesmo tempo em que é positivo que as sedes sejam definidas com muitos anos de antecedência, também é perigoso porque as condições das cidades e países mudam rapidamente.

Através de amigos costumo receber informações sobre o projeto da candidatura de 2020 e sei que está muito bem configurada a capitalização do desenvolvimento de cada um dos locais nos quais serão executadas as competições. O medo é compreensível frente a um empreendimento tão grande, mas também entendo que todas as precauções estão sendo tomadas para que a cidade possa receber o mundo (porque é precisamente o que acontece nas sedes olímpicas), em meados de 2020.

Assim como reconheci que era difícil que a Europa tivesse dois Jogos consecutivos, porque entendo que uma das missões do COI é ampliar cada vez mais seu marco de atuação e por isso Madrid não pôde suceder a Londres, também sei que a Operação Puerto pode ser um novo ponto fraco para a candidatura que se definirá em setembro em Buenos Aires, a cidade onde nasci. Sabemos que a luta contra o doping é outro dos cavalos de batalha da Comissão, de modo que as repercussões deste inquérito poderiam ser contraproducentes.

Mas, do mesmo modo, é também um motivo para eleger a capital de um país que mostra o seu comprometimento com um esporte limpo. Acho que seria a melhor forma de transformar uma aparente fraqueza em uma fortaleza potencial. E não duvido que os responsáveis pelo desenvolvimento da candidatura saberão reforçar esta mensagem.

Imagino o aeroporto de Barajas vestido para a ocasião e as entradas da cidade enfeitadas com anéis olímpicos e me arrepio

Acabei de fazer 32 anos, tive a sorte de competir em Pequim 2008, perdi por muito pouco a chance de participar em Londres 2012 e imagino os próximos encontros olímpicos de uma outra perspectiva. Minha carreira esportiva está chegando ao fim. Pelo menos em relação às distâncias olímpicas, pois agora me dedico 100% a distâncias maiores, mas isso não me impede de imaginar como se vestirá Madrid se finalmente tiver a oportunidade de sediar os Jogos Olímpicos em 2020.

Agora mesmo até me atrevo a sonhar acordado. Imagino o aeroporto de Barajas vestido para a ocasião e as entradas da cidade enfeitadas e cheias de anéis olímpicos e me arrepio. Mas além dos sonhos, sei que está sendo feito um trabalho com muito esforço e que a luta não será fácil.

Em setembro vou estar torcendo, onde quer que esteja, para que Madrid seja a escolhida. Confio que a mágica Buenos Aires, com todos laços que unem as duas cidades, faça a sua contribuição para persuadir os responsáveis pela definição da sede dos Jogos Olímpicos de 2020. Buenos Aires, bons ventos, bons presságios e um sonho compartilhado.

Damián Blaum
Nadador olímpico argentino
Nadador olímpico argentino, 32, em mar aberto. Competiu pela primeira vez aos 17 anos, no Campeonato Argentino Aguas Abiertas, alcançando o terceiro lugar, e, desde então, conseguiu se classificar para os Jogos Olímpicos Pequim 2008, e tem estado nos pódios da maioria dos campeonatos internacionais. Em 2012, tornou-se o número um do Ranking Mundial da FINA, além de vice-campeão pela quarta vez. Entre 2003 e 2010, trabalhou sob a direção técnica de Nestor Pilu e desde 2011 é treinado por Fred Vergnoux. Atualmente, treina em Sierra Nevada preparando-se para a classificação dos Jogos Olímpicos de 2016.

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